A origem
A tradição dos Santos
Populares existe em vários países e está historicamente relacionada com a
antiga celebração pagã do solstício de Verão, (ou de Inverno, no caso do
hemisfério sul), em homenagem ao deus do Sol em comemoração das colheitas. Esta
celebração, que habitualmente acontecia a 24 de Junho acabou por ser adoptada
pelo cristianismo durante a idade média, e passou a ser a festa de São João
Baptista.
Segundo a então criada
lenda cristã, para cristianizar as fogueiras desta época, as mesmas teriam
surgido devido a um acordo feito entre as primas Maria e Isabel, no qual Isabel
teria de fazer uma fogueira sobre um monte, para avisar Maria do nascimento de
João Baptista.
Estas tradições são um
misto entre as romarias, nascidas da religiosidade de um velho povo, com
necessidade de amparo e de fé em alguém, que também tenha percorrido o caminho
dos homens e perceba os seus males e as antigas tradições pagãs da dança, da
música e da festividade, que acabaram por ser adoptadas pelo cristianismo à
medida que este se espalhava pelas regiões.
Um outro aspecto que
estas festas trazem, a par das procissões e dos arraiais é, muitas vezes, o
pagamento de promessas. Vemos doações, ex-votos e pessoas que durante décadas
fazem a mesma peregrinação, anos após ano, num acto inabalável de fé. E se por
um lado há santos que parecem não ser muito vingativos pela promessa não
cumprida, outros há sobre os quais pairam várias histórias de castigos
aplicados: feridas que reabrem, doenças que voltam, sustento perdido…
.
A Biblioteca Escolar dinamiza mais uma
atividade de promoção da escrita e de divulgação de tradições. Assim, propõe a
participação dos alunos como autores de quadras populares .
Imaginação a funcionar, lápis ou caneta na mão, não custou nada participar
Na noite de Santo António
Moças cheias de alegria
Dançam a marchar
A muita folia
Na noite de Santo António
Há foguetes pelo ar
Luzes luminosas
Manjericos a enfeitar
( Leonor Antunes Marques Rodrigues )
Na noite de Santo António
Há muita folia
Moças que dançam
Até ao romper do dia
( Diogo Kizua Bavoeiro
Constantino )
Na noite de Santo António
Há foguetes pelo ar
Os meninos
Gostam de ir ver e passear
( Diana Yang Du )
Na noite de Santo António
Podemos todos danças
Há muita magia
E alegria no ar
( César Fonseca Gomes-1ºC )
Na noite de Santo António
Há muita alegria
Nas festas cheira a manjericos
Há alegria e magia
( Tiago Peixoto Gouveia Costa Amaral )
Na noite de Santo António
Há muita folia
Moças dançam
Até ao romper do dia
( Tiago Moreira Ferreira )
Na noite de Santo António
Há muita magia
Moças bonitas cantam
Com muita alegria
( Margarida Amaral Oliveira )
Na noite de Santo António
Há muita folia
Moças dançam
Até ao romper do dia
( Maria Pryshlyah )
Algumas curiosidades
As festas Juninas ou
festas dos Santos Populares são celebrações que ocorrem
em homenagem a três santos:
Santo António - dia 13 de Junho
São João - dia 24 de Junho
São Pedro - dia 29 de Junho
Santo António - dia 13 de Junho
São João - dia 24 de Junho
São Pedro - dia 29 de Junho
Santo António
nasceu em Lisboa no fim do século XII. O seu verdadeiro nome era Fernando
Bolhão. Aos 20 anos decidiu esquecer a herança deixada pelos seus pais e
dedicar-se à religião. Pertencer ao clero nessa época era uma grande honra.
Porém fartou-se depressa das falsidades que via à sua volta e tornou-se padre
franciscano, ou seja, toda a sua vida passou a ser dedicada aos mais pobres.
Como sinal da sua dedicação à Igreja, mudou o nome de Fernando para Irmão
António.
Foi
então que começou a viajar por todo o mundo, onde se tornou muito conhecido.
Dedicou a sua vida toda aos outros, tal como mandavam os franciscanos!
Também
é conhecido como Santo António de Pádua porque foi lá que viveu os seus últimos
anos e morreu, em 1231.
O
Santo António de Lisboa comemora-se no dia 13 de Junho porque é o dia em que
ele morreu. O mais interessante são as festas populares que estão ligadas a
ele. É que ao contrário do que se pensa, Santo António não era namoradeiro nem
brincalhão.
Este
santo popular é conhecido como o "santo casamenteiro", apesar de não
se lhe conhecer nenhuma mulher e nos seus milagres não constar que tenham a ver
com casamentos. A razão é a de que houve uma mistura entre as festas pagãs e o
Cristianismo. É que este Santo é comemorado no início do Verão, numa época relacionada
com a fecundidade, quando nascem novos frutos, novos cereais e as pessoas se
casavam.
Em
Lisboa festeja-se o Santo António desde o século XVI, com danças, cortejos e
procissões, onde todos os bairros da cidade participavam nas festas e tentavam ser
os mais vistosos. Foi assim que nasceram as marchas populares.
As
"Noivas de Santo António" só apareceram em 1950, quando o jornal
"Diário Popular" começou a ajudar os mais pobres a fazer uma festa de
casamento no dia do santo. Ofereciam o enxoval e os equipamentos domésticos
através de vários comerciantes que ganhavam com a publicidade. E assim nasceu
mais uma tradição.
É
costume as crianças de Lisboa pedirem na rua "um tostãozinho para o Santo
António" porque antigamente as crianças faziam uns altares onde as pessoas
podiam deixar esmolas para o santo... Ou para as crianças.
Nas
noites de Santo António há sardinhas assadas, música, manjericos, pão quente,
vinho e festa até de manhãzinha!
Apesar
de Santo António ser o mais conhecido, São
João é o que tem a maior festa. A animação dura dia e noite.
O
santo que se comemora no Porto não é o São João Baptista, como todos pensam,
porque se festeja no dia 24 de Junho, a mesma data de São João Baptista, mas as
festas celebram o São João do Porto, padroeiro desta cidade. No século IX,
existia no Norte do País um eremita (pessoa que vive sozinha, longe de todos)
chamado João, que enquanto foi vivo deu muitos conselhos às pessoas que lhe iam
pedir ajuda. Quando morreu, descobriu-se que muita gente ia ao sítio onde
estava enterrado para chamar pelos seus poderes de santo.
Esta
confusão deve-se aos dois santos, para além de terem o mesmo nome, terem sido
eremitas. São João Baptista também vivia isolado de tudo e todos, como um
eremita e refugiava-se no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos. Sem ser
dono de nada, vestia apenas uma pele de carneiro.
O
São João é o padroeiro de muitas terras, mas na cidade do Porto é onde a festa
é maior. Nas ruas os foliões passeiam o alho-porro (ou, hoje, os martelos de
plástico), compram manjericos e comem sardinha assada. Tudo começa na Ribeira,
depois do Fogo de Artifício, à meia-noite, a festa espalha-se pelos quatro
cantos da cidade e só termina ao nascer do sol. Para espantar o cansaço vai-se
parando nos bailaricos de bairro e salta-se a fogueira!
Manda
a tradição que a festa culmine com um banho de mar na Foz!
São Pedro
é um dos santos mais antigos da religião católica. Ele foi o primeiro dos
Apóstolos de Jesus. O seu verdadeiro nome era Simão, o Pescador, mas Jesus
deu-lhe o nome de Pedro, que vem da palavra pedra, porque seria ele a
"pedra sobre a qual se iria construir a igreja cristã".
São
Pedro era uma pessoa muito séria, que fazia milagres e foi o primeiro Papa
cristão. Este santo é invocado (a quem se pede ajuda) pelos crentes por muitas
razões:
-
É protetor dos pescadores e guarda as portas do Céu. É aliás, por essa razão
que é apresentado com as suas longas barbas brancas e um molho de chaves na
mão.
-
Segundo a crença popular, São Pedro é também muitas vezes responsabilizado pelo
estado do tempo, nomeadamente pela ausência ou abundância de chuva.
-
O dia dedicado a São Pedro é 29 de Junho que marca o fim das festas dos
"Santos Populares".
Mais
uma vez tudo tem a ver com as tradições pagãs e com os rituais do início do
Verão.
Se
não chove, pede-se a São Pedro para tratar do assunto para que as colheitas não
morram de sede.
Se
o problema é trovoada, reza-se ao Santo para ele se acalmar, porque com certeza
está num dia de mau humor!
Se
há tempestade no mar, pede-se a São Pedro que ajude os seus colegas pescadores.
E assim por diante.
Tal
como Santo António e São João, este homem é visto como casamenteiro e um dos
santos do Verão, que todas as pessoas adoram.
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